Entrevista "Revista Alternatina " Introdução





 

O gingado brasileiro no tango argentino: Rodrigo

Rodrigues, de Hiroshima, realizou o sonho de viver

da dança no Japão [ texto: Thassia Ohphata ]

FOTOS (MISH VAMPIRO)



Samba no pé? Não. Para
Rodrigo Rodrigues, 31, de
Higashihiroshima (Hiroshima),
o ritmo é outro, o
tango. “Escutá-lo é como
sentir uma grande saudade”, conta
o professor e dançarino deste que é
um dos ícones da cultura argentina



Promessa da comunidade, em
agosto do ano passado, Rodrigo e a
parceira, a japonesa Natsuko Nae,
30, participaram pela primeira vez
do Campeonato Mundial de Tango na
Argentina. A vaga foi conquistada
no Campeonato Asiático de Tango,
que reúne anualmente os melhores
dançarinos do continente em Tóquio.
“Foi uma grande experiência, da
preparação que aconteceu um ano
antes até a viagem a Argentina”,
avalia o brasileiro, que desde 2010
participa do asiático, sempre com a
parceira japonesa.
A vontade de tornar-se um
dançarino profissional surgiu na
adolescência, no Japão. Até então,
Rodrigo não sabia nada de dança,
mas não teve dificuldades em
aprender a arte. “Na dança, não
basta ter naturalidade, gingado ou
mesmo boa aparência física, é preciso
dedicação e comprometimento”,
ensina ele, que está no Japão
desde os 15 anos e logo encarou a
rotina em fábricas. “Era frustrante,
um adolescente passar 12 horas
somente trabalhando, sem tempo
para estudar e para absorver um
pouco de cultura”, lembra




Apesar da estabilidade financeira
nas fábricas, ele viu que precisava
fazer algo mais. “Vi que eu não tinha
chances de crescer onde trabalhava.
Comecei a refletir e decidi que minha
vida teria que ter algum sentido mais
amplo. Senti a necessidade de ser
bom em algo, de poder me doar para
alguma coisa”, conta ele.
Decidido a mudar de vida,
Rodrigo passou a trabalhar em locais
onde não havia horas extras e sempre
que podia frequentava aulas de dança. “

 

Na dança, as pessoas podem
expressar suas emoções sem precisar
dizer uma palavra”
, afirma ele.
Aperfeiçoou-se no tango e
não demorou muito para começar a
ensinar as técnicas e a ganhar a vida
como dançarino. Há cinco anos, conheceu
a parceira Natsuko e viu que
era o momento para dedicar-se exclusivamente
à dança. “Só podemos
melhorar se tivermos uma meta. É
isso que pude aprender no Japão.”

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